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“Vamos trazer a voz do povo preto para esta casa”, afirma Cláudio Magalhães em audiência sobre o dia da Consciência Negra

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O plenário Gilberto Fialho, sede do Poder Legislativo de Ilhéus, recebeu diversas representações do povo preto da cidade, para debater sobre o 20 de novembro, dia da Consciência Negra. O debate, que aconteceu na tarde desta segunda-feira (20), foi proposto e presidido pelo vereador Cláudio Magalhães (PCdoB). A mesa foi composta pelo Secretário Municipal de Cultura, Geraldo Magela, o vice-prefeito Bebeto Galvão, a presidente da UNEGRO de Ilhéus, Sheila Carvalho e a vereadora Enilda Mendonça (PT).

“Vamos trazer a voz do povo preto para esta casa”, disse Cláudio Magalhães, iniciando a audiência. O vereador continuou em seu tempo de fala, informando que “é fundamental não apenas refletir sobre nossa história, mas também traçar um caminho para um futuro mais justo e igualitário”. No seu discurso, o parlamentar chamou atenção para políticas públicas na área de saúde e educação do povo negro, mas sobretudo no que tange à juventude e às mulheres negras, “reconhecemos a necessidade de medidas específicas para enfrentar as desigualdades que enfrentam, como   a criação de programas de capacitação, empreendedorismo e apoio psicossocial”, finalizou Cláudio.

A vereadora Enilda Mendonça trouxe dados deste mês do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), informando sobre a inserção de negros e negras no mercado de trabalho. De acordo com a vereadora, o IBGE aponta que 56,1% dos brasileiros são negros, mas a maioria desta população se encontra em empregos informais ou estão desempregados. A parlamentar apontou os números para justificar que discutir racismo é fundamental, “não podemos permitir que as pessoas continuem a  invisibilizar a desigualdade racial do país, ouvimos muito que isso é ‘mi-mi-mi’, mas minha fala hoje é mais técnica, porque os números não mentem […] Esses dados são importantes, pois quando vamos discutir o orçamento municipal, precisamos reparar”, afirmou Enilda.

O vereador Sérgio do Amparo (PODEMOS também participou da audiência pública sobre o dia da Consciência Negra. contribuindo com o debate, dizendo que “momentos como esse nos mostram a importância de permanecer discutindo […] isso não é mi-mi-mi”.

O Secretário Municipal de Cultura, Geraldo  Magela lembrou que Ilhéus foi construída no suor e sangue dos escravos e que esta audiência pública é um “trabalho importante para marcar a ocupação de um espaço e que seja preenchido de forma que se estabeleça propostas”. O secretário relembrou em um aparado histórico, que em 1789 o Rio do Engenho foi pioneiro nas primeiras revoltas escravagistas do Brasil. “Dia 20 de novembro é lembrado como dia de Zumbi dos Palmares e precisamos lembrar os nomes dos escravos de Ilhéus, como Gregório Luiz”, disse Magela.

A professora Altemíria Graça, representando a Secretaria Municipal de Educação (SEDUC) disse que é importante se discutir o que é ser preto na sociedade e que a SEDUC sonha que “nossos alunos estejam munidos dessa informação histórica da escravidão que aconteceu na cidade”, afirmou a professora.

O Mestre Ney, coordenador geral do Dilazenze resgatou a história preta da cidade, relembrando as diversas manifestações culturais de blocos afro em Ilhéus: “nós tínhamos várias manifestações negras, terreiros de candomblé de origem majoritariamente angola na década de 70, grupos de zabumba, grupos de maculelê e esses foram os primeiros a buscar melhorias junto ao governo para nosso povo”. O mestre resgatou a história, afirmando que esses blocos deixaram de estar apenas de manifestando culturalmente nas ruas, no Carnaval para se organizarem enquanto movimento e lutar por políticas públicas. “Se hoje existe um fundo municipal de cultura, se temos um conselho reestruturado e equiparado na cidade foram os blocos afrodescendentes, junto com militantes  negros organizados que foram buscar essa realidade”, enfatizou.

Um desdobramento importante da discussão em plenário foi a iniciativa da União Brasileira de Negros e Negras de Ilhéus (UNEGRO) que recolheu assinaturas em um abaixo-assinado para a criação do Conselho Municipal da Igualdade Racial.

A audiência pública sobre o dia da Consciência Negra deixou o plenario cheio, com participação de grande parte da sociedade civil organizada, como o presidente da APPI/APLB, Osman Nogueira, representação da secretaria da Juventude e Esporte, com Thiago Raposo, quilombolas, representando a Comissão de Igualdade Racial da OAB, Marta Lisboa, União Brasileira de Mulheres, Hélia Palma.

Confira a audiência na íntegra no link: https://youtube.com/live/fuLyCJ-M2tU?feature=share

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