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Iremos curtir e compartilhar os ventos mornos do pós-eleição e as expectativas (res)sentidas?

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Iniciamos o tempo das indignações passivas. Depois de um pleito eleitoral é comum ouvirmos o silêncio das expectativas. Não importa o partido ou campo político-ideológico que tenha saído vencedor, o povo, cansado e aflito por um porvir frutífero, prostra-se encoberto pelo véu da esperança. É certo que para muitos restará nos próximos quatro anos lembranças aquecidas pela reafirmação conveniente das promessas. Contudo, mesmo o cético dos céticos, não ousa divorciar-se da esperança, já que ela talvez seja a única coisa com que o povo tão órfão pode contar.

É chegada a hora de dizer basta aos proselitismos. A democracia não é um ser onipresente. O sistema democrático tem como fundamento o consenso, e, como sabemos, os consensos refletem a inexistência da uniformidade. Prefeitos e vereadores devem ser lembrados constantemente do que prometeram e dos limites institucionais de seus mandatos. Há uma série de mecanismos que podemos acionar para fiscalizar a atuação dos eleitos. A democracia representativa está longe de ser uma terra sem dono.

Sem dúvidas as eleições municipais refletiram o florescimento de novos atores e forças sociais. Excepcionalidades a parte, o pluralismo tomou conta do executivo e legislativo nesse pleito. Mulheres, negros e indígenas conquistaram maior musculatura representativa. As forças conservadoras, mesmo com tanto poder econômico, foram as grandes derrotadas nas urnas. Amargam a falência da retórica moralista e persecutória dos excluídos.

Todavia, não me iludo, as sombras do atraso continuam ofuscando a luz do bem coletivo. Credito sua perpetuação à cultura do imediatismo. Numa sociedade onde as iniquidades são regra, o “salve-se quem puder” determina as convicções políticas. Alguns especialistas chamam isso de complexo “vira-lata”. Seria como se o brasileiro tivesse uma predileção natural ao sofrimento. O gosto em autoflagelar-se justificaria o voto no opressor.

Contudo, das minhas subjetivações penso que o problema é outro e muito mais incômodo. Falo da miséria. Enquanto a expropriação de direitos não for tornada combustível da sublevação, continuará ratificando subserviências. Na corrida ao executivo e legislativo, políticos de vários matizes exploraram a miséria. Meninas, quase sempre negras, nas vias públicas empunhando bandeiras com o número de candidatos, deram conta de como a miséria ainda molda as opções políticas.

Nesse sentido, as lideranças do campo progressista precisam direcionar suas gestões e legislaturas em favor da progressiva superação desse quadro. Nas democracias avançadas, onde desenvolvimento econômica e social são faces da mesma moeda, a participação política qualificada é o grande vetor de mudanças benéficas ao conjunto da sociedade. A esquerda, lembro: deve voltar a ser exemplo de conduta exemplar e não apenas retoricamente exemplar.

Termino ratificando que na vida precisamos assumir um lado. A conveniência das conveniências tem se mostrado um grande engodo. É certo que tendemos a nos acomodar com nossas comodidades e negligenciar aquilo que explicitamente está fora das nossas responsabilidades. Com efeito, lembro que as pequenas, médias e grandes mudanças, direta ou diretamente têm a capacidade de subtrair as cômodas comodidades de vidas mediocremente acomodadas e conformadas à pseudorealidades, hoje, diuturnamente publicizadas nas redes sociais. Enfim, espero que curta e compartilhe!

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