Por Caio Pinheiro
Ninguém pode dizer que ele não tentou. Na verdade, o presidente-mito vem tentando transformar as Forças Armadas em sua milícia. Acostumado com tal prática, aliás, receita que lhe garantiu uma existência longeva no parlamento, Bolsonaro, assim como fez e faz com as milícias cariocas, tenta usar as Forças Armadas em favor do seu projeto de poder, que em grande parte foi viabilizado pelo ex-juiz Sérgio Moro, aquele declarado suspeito pela Segunda Turma do STF, mas, também apelidado de juiz-ladrão pelo Deputado Federal Glauber Braga (PSOL).
Todavia, é preciso dizer que Bolsonaro só tem seus militares de estimação porque em parte das Forças Armadas subsiste o apetite pelo poder político. Do Império (1822-1889) à República (1889-2021), foram muitos os episódios nos quais os milicos ousaram extrapolar suas prerrogativas (funções) constitucionais motivados por esse apetite. Hoje, vendo o governo Bolsonaro repleto de militares, vejo que o germe da desobediência à constituição nunca fora definitivamente eliminado das Forças Armadas. O desejo de ultrapassar seu papel enquanto instituição de Estado, infelizmente continua sendo um sonho acalentado pelas viúvas da ditadura Civil-Miliar (1964-1985).
Em 1964, utilizando a narrativa fantasiosa do perigo comunista, criada por Getúlio Vargas quando da decretação do Estado Novo (1937-1945) – período no qual as liberdades individuais foram cerceadas -, as Forças Armadas embarcaram na sua mais expressiva aventura golpista. Apoiados por setores ultraconservadores alinhados ao governo dos EUA – interessados em transformar o Brasil numa área subserviente aos seus interesses econômicos -, os militares instituíram o mais longo e terrível período de exceção da nossa História.
É sintomático, portanto, que hoje, 31 de março de 2021, quando o Golpe Militar completa seu 57° aniversário, a possibilidade de retorno a um tempo sombrio, obscuro e vergonhoso da História brasileira pareça ser factível para muitos analistas políticos. Desemprego, alta inflacionária, desigualdade socioeconômica, estagnação econômica e crise sanitária, invés de serem ingredientes para a sublevação popular, podem, mesmo que pareça surreal, justificar o retorno do arbítrio.
Reivindicando um passado que não existiu, os apologistas da Ditadura, continuam indo às ruas contra o famigerado “perigo comunista”. É muito louco isso, pois nós nunca tivemos uma experiência de gestão comunista do país. Todavia, atualmente, um dos governadores mais bem avaliados é comunista. Refiro-me a Flávio Dino, governador do Maranhão pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Deve ter sido por isso que os Deputados do PSL, partido mais enfático no combate ao comunismo, após serem empossados, viajaram para China no intuito de conhecer as maravilhas tecnológicas do comunismo Chinês. Vai entender…
Bem, sandices reacionárias a parte, o fato é que chegamos à cifra de 300 mil vítimas fatais da Covid-19. A realidade é que a falta de uma gestão eficiente da crise sanitária impacta a todos, independentemente de cor, credo, orientação política, religiosa e sexual. Como se diz na academia e nos movimentos sociais: a Covid-19 age numa perspectiva interseccional contra à humanidade. Na contramão, nosso viúvo maior da Ditadura, menospreza e trata algo tão complexo e terrivelmente destruidor como uma gripezinha. Enfim, vacina sim!
Concordo com seu raciocínio e acrescento mais alguns ingredientes, ouvindo estes dias um entrevista antiga na Radio Metrópole de Salvador com o politico Sebastião Nery, ele explicava que o inimigo real dos militares era JK e usaram Jango como bode expiatório, pois ele era fraco politicamente. Hoje o inimigo real de Bozo e dos milicos é Lula. Tudo que Bozo faz é calculado, a mosca verde do poder o infectou, com a inelegibilidade de Lula ele se sentia o máximo, arrotava valentia, xingava a imprensa, desenhava da covid-19, boicotava a vacina, além de ser vassalo de Trump. Trump perdeu a eleição e o STF amenizou para Lula, Bozo ficou acuado, hoje ele vendeu a alma ao Centrão para se manter no cargo e induz o povo a re rebelar para criar o campo propício para o seu projeto de poder. FORA BOZO.