O plenário da Câmara Vereadores de Ilhéus recebeu na tarde última quinta-feira, dia 04, a sessão especial para discutir o tema “As Injustiças e as Justiças para os Mestres de Capoeira da Cidade de Ilhéus”. Na ocasião, o debate foi presidido pelo vereador Cláudio Magalhães (PCdoB) e contou com a presença de Sérgio do Amparo (Podemos).
Estavam presentes no encontro os mestres de capoeira Miguel Machado, Ramiro, Jenilson (Negão), Rafael Gomes e Carlinhos. Também, o coordenador das Escolas do Campo da Seduc-Ilhéus, Joselito Alves, e Tiago Pascoal, dirigente da União de Negras e Negros Pela Igualdade (UNEGRO).
O vereador Cláudio Magalhães afirmou durante a abertura da sessão que o momento seria uma oportunidade para ouvir os mestres de capoeira. “Neste segundo ano de mandato quero estabelecer um compromisso mais junto, para efetivar as políticas públicas, turismo, cultura, lembrando que a maioria aqui presente, tem a capoeira como seu ganha pão. Esse meu olhar para esta questão não é recente, mas desde as atividades em Olivença, que eu buscava prestigiar os amigos capoeiristas”, ressaltou.
O edil agradeceu o respaldo que tem por parte do vereador Jerbson Moraes, presidente da casa legislativa, e afirmou seu compromisso em busca da efetividade das leis já aprovadas no município. “Como por exemplo, a Lei Municipal 3322 de janeiro de 2008, que versa sobre o ensino da capoeira nas escolas e dá outras determinações”, pontuou.
O vereador Sérgio do Amparo ressaltou a importância do debate e considerou que a capoeira está intimamente ligada a educação. “Saliento importância da efetividade dessas leis, principalmente da capoeira na escola. A capoeira é um fator de grande relevância para afastar o jovem da periferia da violência e das drogas”, destacou.
O mestre Miguel Machado falou sobre a necessidade da união dos capoeiristas para se conseguir avançar na luta e lembrou a questão racial dentro da capoeira e do preconceito que persiste ainda hoje. O mestre Ramiro lembrou que “a capoeira é um passo pra frente e um pra trás” e destacou a urgência para espaços públicos abrigarem a prática esportiva, frisou que, atualmente, as aulas estão ocorrendo nas ruas.
Mestre Jenilson Negão lembrou que a capoeira já esteve no código penal e saiu reconhecida pelo presidente Getúlio Vargas para ser considerada um esporte. “Precisamos que o reconhecimento, que a capoeira vem tendo nesses últimos anos, seja colocada em prática pelo próprio capoeirista e pelo governo”, afirmou. Ainda expressou seu descontentamento com a demora da implantação da capoeira nas escolas “precisamos de uma lei de regulamentação do ofício do mestre de capoeira e todos os seus parâmetros”.
Tiago Pascoal, representante da UNEGRO, disse que a roda de capoeira é um patrimônio, símbolo de resistência, e na cidade de Ilhéus é um instrumento de sobrevivência, luta e combate ao racismo estrutural e institucional. Mestre Carlinhos colocou que “a união é que faz a força”. Mestre Rafael questionou sobre a lei 3322/08 e levantou alguns pontos de dúvida como remuneração e o trabalho efetivo dentro das escolas.
O professor Joselito Alves lembrou que sua presença teria o intuito de levar as propostas apresentadas para a Seduc e informou que procuraria Aline, da coordenação da diversidade e inclusão, para dialogar sobre a possível efetividade da lei que trata da capoeira nas escolas.
Por fim, o vereador Cláudio Magalhães colocou seu mandato à disposição para buscar melhorias no fortalecimento da capoeira e informou que vai marcar audiências com algumas secretarias municipais, como de Cultura e Educação, para debater as questões levantadas durante a sessão especial. O edil contou com o apoio de sua assessoria na condução dos trabalhos, principalmente de seu diretor de gabinete, Edson Alves, também capoeirista