“A esperança é uma flecha de fogo”. Para aquecer e inspirar o coração do público, o tema do Festival de Cinema Baiano deste ano trouxe diversidade de produções audiovisuais e debates sobre temas urgentes para o setor. Depois de nove anos sem mobilizar o público presencialmente em Ilhéus, onde foi idealizado o evento, o Feciba voltou a ocupar o Teatro Municipal da cidade, atraindo mais de 2800 espectadoras/es.
De 17 a 20 de novembro, mais de 50 curtas e longas-metragens foram exibidos gratuitamente trazendo diversas narrativas sobre a Bahia, capital e interior, mostrando a potência da produção audiovisual do estado mesmo em tempos de pandemia. Esse foi apenas um recorte dos quase 200 filmes que foram inscritos por cineastas de diversos territórios baianos.
Na última noite do evento, a Mostra Competitiva de Curtas Metragens premiou oito filmes com o troféu Feciba, confeccionado pelo artista ilheense Gocca Moreno. O gerente do Banco do Nordeste, Antônio Araújo, foi um dos que entregaram o prêmio aos selecionados.
Escolhidos pelo júri técnico, composto por Elson Rosário, Victor Aziz, Nadja Akawã Tupinambá, os seguintes filmes levaram o troféu Feciba: Melhor Filme para “Ode”, de Diego Lisboa (Salvador); Melhor Direção para “O tempo das coisas”, de Lara Beck (Teolândia); Melhor Roteiro para “Curacanga”, de Mateus Di Mambro (Salvador); Melhor Direção de Arte para “Caluim”, de Marcos Alexandre (Salvador); Melhor Direção de Fotografia para “Yayá Zumba”, de Maria Carolina e Igor Souza (Salvador); Melhor Ator para Marcelo Prado em “Solange não veio hoje” de Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter (Salvador); Melhor Atriz para Rita Assemany em “Ode”, de Diego Lisboa (Salvador) e Melhor Montagem para “Memórias”, de Gabriel Novais (Cafarnaum).
O melhor curta-metragem eleito pelo júri popular foi “O tempo das coisas”, de Lara Beck (Teolândia). E as seguintes produções receberam menção honrosa do Feciba 8: “Porque não ensinaram bichas pretas a amar”, de Juan Rodrigues (Cachoeira, Salvador, Aracaju, Itaparica); “Movimentos Migratórios”, de Rogério Cathalá (Salvador); “Guerreiras de Fé”, de Jayne Oliveira e Marvin Pereira (Cachoeira); e “Contragolpe”, de Victor Uchôa (Salvador).
O Projeto Paradiso, instituição filantrópica que apoia cineastas brasileiros por meio de bolsas de estudos internacionais, apoiou pela primeira vez o Feciba, oferecendo o acesso ao curso ‘Roteiro: do começo ao fim, passando pelo meio’, de Jorge Furtado, para o vencedor da Mostra Competitiva de Curtas. Além disso, a Iglu Loc ofertou R$3 mil em aluguel de equipamentos para o curta-metragem vencedor.
Edson Bastos, produtor executivo do Feciba, conta que foi um desafio produzir o Festival de este ano. “Um desafio que foi cumprido com muita garra por uma equipe competente, além de podermos contar com apoiadores sensíveis à cultura, que se uniram para fazer acontecer esse evento tão importante para o nosso estado. Esta 8ª edição superou nossas expectativas e provou a importância da continuidade deste evento na cidade de Ilhéus. Que mais patrocinadores enxerguem a sua potência e nos apoie”.
A mesa de encerramento, que teve como tema “A Esperança é uma Flecha de Fogo”, convidou o público a refletir sobre o papel da esperança em tempos tão complexos, propondo o cinema como ferramenta sociocultural. O debate foi realizado no palco do evento com as participações de Lecco França, Yá Darabi, Nadja Akawã Tupinambá e Hundira Cunha, abrangendo a intersecção entre questões sociais, raciais e de gênero.
Muitas Bahias na tela do Feciba
As Mostras do Feciba 8 trouxeram uma diversidade de produções vindas de 16 municípios baianos, descentralizando e promovendo público também para produções do interior do estado. A Mostra Infanto-Juvenil teve a importante missão de potencializar a formação de público para o audiovisual; a Mostra Bahia Adentro foi composta por curtas produzidos em diversas partes do estado, mostrando uma Bahia mais profunda, por vezes desconhecida pelo público; a Mostra Identidades, apresentou filmes que falam sobre as lutas políticas de movimentos sociais e contou com curadoria de Natália Tupi para os curtas indígenas; por fim, a Mostra Acessibilidades garantiu a fruição de filmes baianos para o público surdo, inserindo janela de Libras nas obras exibidas nas telas do Festival.
Para além de exibir, formar público e o evento também promoveu a formação de mão-de-obra, com a realização de três oficinas gratuitas – Direção de Cinema, Gestão de Empresa Audiovisual e Acessibilidade.
Ainda, no canal https://www.youtube.com/feciba, três debates aqueceram os argumentos sobre temas urgentes para o setor: “Como ser artista e planejar o futuro com segurança previdenciária?”, “Garantia de Igualdade Territorial: 50% dos Recursos para o Interior do Estado”, e o instigante “Bahia Filmes”, que abordou a pauta do projeto de lei que será um motor para fomentar novas produções audiovisuais no estado. Os vídeos sobre os debates continuam disponíveis para serem assistidos.
O 8º Festival de Cinema Baiano é uma realização da Voo Audiovisual e conta com o patrocínio do Banco do Nordeste através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Governo Federal e do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Superintendência de Fomento ao Turismo.
Festival de Cinema Baiano (FECIBA) – Considerado a vitrine do cinema baiano, ao longo das edições já realizadas entre 2011 e 2021, o evento vem se destacando como uma das principais celebrações da cultura cinematográfica na Bahia. Já exibiu ao todo 332 filmes em diversos formatos, formou 450 profissionais em oficinas gratuitas e alcançou um público total superior a 30 mil pessoas. Para mais informações, acesse: www.feciba.com.br e siga @feciba.
Fotos: Acervo Feciba | Renata Sant’Anna.