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Encontro discutiu orçamento para a educação e impactos dos cortes no IFBA

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Do Portal IFBA

Por Gilberto Amorim*
Edição: Bárbara Souza

“Muitas pessoas estavam desesperadas sem ter informações sobre o auxílio, sobre o posicionamento da Reitoria nessa situação. Conseguimos, de certa forma, deixar nossos colegas a par de tudo e mais tranquilos. Sabemos a importância que o auxílio tem na vida de cada estudante”.

Anna Liz Meneses, estudante do Campus Ilhéus

Aconteceu na última segunda-feira (12), na Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), em Salvador, o encontro que reuniu estudantes com a reitora Luzia Mota e outros(as) servidores(as). O tema da reunião, promovida pela Reitoria, foi “Cortes na educação e impactos no IFBA”. O encontro foi realizado antes de, na última sexta-feira (16), o Ministério da Educação (MEC) informar que o governo federal permitiu a liberação de quase R$ 2 bilhões em recursos financeiros para despesas discricionárias dos institutos e universidades federais. Segundo o MEC, o valor liberado recompõe os recursos orçamentários que haviam sido bloqueados pelo governo no fim de novembro e início deste mês.

Os cortes orçamentários foram divulgados nos dias 28 de novembro e 2 de dezembro. O governo federal bloqueou R$5.094.390,00 do orçamento do IFBA. No dia 8 de dezembro foram desbloqueados cerca de 2,9 milhões. Os cortes impactaram diretamente na assistência estudantil, em projetos de Pesquisa e Extensão, no pagamento do salário de terceirizados(as), além de inviabilizarem o pagamento de contas como as de energia elétrica, água e telefone.

Anna Liz Meneses, 16, discente do curso técnico em Segurança do Trabalho (Integrado), no Campus Ilhéus, sente de perto a influência dos cortes no orçamento do Instituto Federal da Bahia. O auxílio que ela recebe para o transporte a ajuda no deslocamento diário, que dura cerca de 1h30, de Ibicaraí, cidade onde vive, até chegar ao campus onde estuda. Se esse apoio for retirado, Anna não vai conseguir frequentar as aulas. A futura técnica em Segurança do Trabalho considera a mobilização estudantil como uma alternativa para enfrentar o momento atual.

Foto: Jamil Godinho

“Desde que entrei no IFBA, tenho acompanhado de perto as reuniões e decisões tomadas. Dentro no campus, temos o grêmio estudantil Costa do Cacau: Geração Consciente. O grêmio tem feito diferença na luta contra esses cortes. Se o governo não investe na educação, é dever nosso, como estudantes da Rede Federal, lutar por isso. Pressionar é um direito nosso”, avalia Anna Meneses.Estudante do curso técnico de Mecânica (Integrado), no Campus Salvador, Matheus Guimarães, 22, sabe o quanto as decisões do governo federal relativas ao orçamento da Educação o impactam, assim como a outros discentes. Beneficiado com bolsa estudantil, ele consegue manter os estudos com a colaboração do auxílio, que considera essencial. “Várias pessoas dependem das bolsas e dos auxílios para continuarem frequentando a Instituição. Através desse valor, muitos pagam o transporte, e outros utilizam a bolsa para se manter. Esse valor pode até mesmo representar o sustento de uma família. Por causa de um corte desse, alguém pode passar por alguma necessidade, e não ter nem o que comer.”, afirmou.

No Campus Santo Amaro, a estudante Evelyn Jesus, 15, do curso técnico em Informática (Integrado), se sente prejudicada com os bloqueios nos institutos federais. Sem a assistência estudantil, que a ajuda no transporte e na alimentação, Evelyn não conseguiria se manter no Instituto. Para a santo-amarense, “os cortes realizados se tornaram algo muito agravante para o IFBA em geral, tanto para docentes como discentes”. Ela considera a situação “problemática, já que muitos dependem da assistência[estudantil]”.

ORÇAMENTO, EDUCAÇÃO E JUSTIÇA SOCIAL

Foto: Jamil Godinho

“Orçamento é um instrumento de justiça social. Orçamento público de Educação é um instrumento de desenvolvimento da Nação, e quando o governo resolve tirar o orçamento das Universidades e dos Institutos Federais, ele está selando o destino de muitos estudantes, que podem ficar sem condição de permanecer na Instituição”.

Luzia Mota, reitora do IFBA

 

Na reunião, a reitora Luzia Mota falou sobre a necessidade de atenção ao orçamento e destacou que, além da assistência estudantil, os valores bloqueados são importantes para o pagamento dos(as) trabalhadores(as) terceirizados(as), cujos salários podem ter seus salários atrasados nos próximos meses, caso a situação não mude [a situação mudou na sexta-feira, 16, com o desbloqueio informado oficialmente também ao IFBA].

“Orçamento é um instrumento de justiça social. Orçamento público de Educação é um instrumento de desenvolvimento da Nação, e quando o governo resolve tirar o orçamento das Universidades e dos Institutos Federais, ele está selando o destino de muitos estudantes, que podem ficar sem condição de permanecer na Instituição”, afirmou a reitora.

“ESSA É UMA LUTA COLETIVA”, DIZ REPRESENTANTE DO SEGMENTO ESTUDANTIL NO CONSEPE

Quem também esteve presente no encontro do último dia 12 foi o estudante da graduação em Tecnologia em Eventos do Campus Salvador, Ricardo Cruz, 42. Ele considera os debates como fundamentais para que avanços aconteçam. “A Reitoria cumpriu mais uma vez o seu compromisso com a comunidade estudantil, trazendo clareza e acesso às informações através de fontes seguras. Desta forma, os beneficiados podem agir de forma mais assertiva e seguir com seus estudos de forma mais tranquila. Pela primeira vez, vejo a Instituição se reportar diretamente aos estudantes”, declarou.

“A Reitoria cumpriu mais uma vez o seu compromisso com a comunidade estudantil, trazendo clareza e acesso às informações através de fontes seguras. Desta forma, os beneficiados podem agir de forma mais assertiva e seguir com seus estudos de forma mais tranquila. Pela primeira vez, vejo a Instituição se reportar diretamente aos estudantes”.

Ricardo Cruz, estudante do Campus Salvador

A estudante Júlia Castro, 16, do curso de Meio Ambiente (Integrado) do Campus Seabra, acredita que estudantes devem ter voz ativa na luta por uma educação pública e de qualidade. Ela avalia positivamente o encontro realizado na Reitoria. “Achei respeitoso e fundamental incluir estudantes dos IFs neste tipo de reunião, que mostra com transparência a nossa realidade, nos possibilitando acesso à informação, para que possamos gerar estratégias de melhoria e alertar os demais discentes”, contou.

Para Anna Meneses, do Campus Ilhéus, o encontro do dia 12 foi importante e esclarecedor. “Muitas pessoas estavam desesperadas sem ter informações sobre o auxílio, sobre o posicionamento da Reitoria nessa situação. Conseguimos, de certa forma, deixar nossos colegas a par de tudo e mais tranquilos. Sabemos a importância que o auxílio tem na vida de cada estudante”.

Matheus Guimarães, que é membro recém-empossado do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) do IFBA, acredita que é necessária uma mobilização de toda a sociedade para o enfrentamento de decisões que impactam a educação.  “Essa não é uma luta só minha, essa não é uma luta só dos meus colegas de classe. Essa é uma luta coletiva. Todas as entidades têm que se mobilizar para lutar contra esse desgoverno atual que tem lutado contra a Educação, contra o desenvolvimento de muitos jovens, que através das instituições federais têm conseguido sair da condição de extrema pobreza, sair de uma condição de ignorância que se encontravam.”

* Sob a supervisão da jornalista Bárbara Souza

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